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Perdas e Lutos

  • Foto do escritor: Jessica Zago
    Jessica Zago
  • 9 de jun. de 2024
  • 3 min de leitura

O que perdemos quando perdemos algo ou alguém
Perdas e Lutos

Aos que já partiram, aos que permaneceram e aos que ainda estão por vir. À quem já fomos, à quem somos, queremos ser ou passamos a ser, mesmo sem querermos.


Geralmente, assuntos que permeiam a morte, perdas e processos de luto, ainda são considerados tabu, evitados, não compreendidos e muitas vezes, atravessados por dizeres de outras pessoas que ferem aqueles que já se encontram em um momento tão devastador, de fragilidade ou que está se questionando do porque algumas coisas estão acontecendo.

Um misto de sentimentos que nos deixam confusos, "sem chão" e "perdidos".


Dizeres como: 

“Tudo bem, você pode comprar outro”, “Infelizmente acontece, mas, você precisa seguir em frente”, “Se isso aconteceu, é porque tinha de ser assim”, “Logo você supera”, “Logo vocês tentam engravidar novamente”, “Essa pessoa não era a certa para você”... entre tantas outras falas que machucam, invalidam e violam o sofrimento do outro.


Lutos, com frequência, são associados a perda de um ente querido, mas, também envolvem outras situações que na maioria das vezes, não são pensadas como um mesmo fenômeno de perda.


Como, por exemplo, se você já se deparou com o fim de uma amizade, de um namoro, de um casamento, uma transição de um trabalho, uma demissão ou aposentadoria, um sonho que ficou impossibilitado de acontecer, processos de separação, também de perdas materiais, são experiências com diferentes intensidades, laços e significações, e que, dependendo de como acontecem (situações catastróficas, traumáticas, violentas, acidentes e outras situações inimagináveis), provocam efeitos diversos na constituição do sujeito e nas suas relações com o mundo.


As perdas envolvem perder uma parte de si, de quem você era naquela relação, de como era amado, do que foi investido de sua história, seus esforços, de como você era visto, tratado, do mesmo modo, de quem aquela pessoa, objeto ou trabalho, representavam para você, na sua identidade. Nesse sentido, sentir e entender essa ligação, a ausência, o vazio, a tristeza, a raiva pelo que está acontecendo, a falta que algo ou alguém que não está mais ali, naquela casa, naquele quarto, no dia a dia, nos planos interrompidos…


Pode ser importante, até necessário, ter um acompanhamento profissional para compartilhar e lidar com suas questões relacionadas a perda que te toca.


Destaco como uma crítica o quanto a sociedade (lembrando que fazemos parte dela também, e, por vezes, fazemos isso com nós mesmos, sem nos darmos conta), o Estado, buscam impor tempos e cobranças sobre o sentir, sobre ser produtivo, sobre ser feliz o tempo todo e ideias de "superação", ainda que a realidade demande a realização de certas necessidades sim, ser impedido de elaborar suas dores, pode contribuir para que elas aumentem ainda mais dentro de si mesmo.


Os lutos e perdas se articulam e se somam, uma situação muitas vezes nos lembra de outras já vividas, algumas que nunca foram esquecidas ou vidas e histórias que sequer foram consideradas.


No processo terapêutico, o trabalho consiste em olhar para essas experiências e dar-lhes um lugar, na medida do possível, um contorno para que esse vazio não tome uma proporção afetiva insustentável, que nos consuma ou adoeça, no sentido de um sofrimento que não pôde ser amparado e simbolizado.


Portanto, que o sofrimento não seja patologizado ou colocado num lugar de doença, desconsiderando a dor de cada pessoa, e que seja possível falar de suas experiências, e que elas possam ser acolhidas, por você e com você.







 
 
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